730 Dias - Texto de Fernando Nunes

 



O Blog e Podcast Cinematórias vão entrar de férias, voltamos no dia 02 de fevereiro de 2022.  

Hoje vou escrever muito pouco sobre o audiovisual.

Com certeza, no futuro, alguém dará um nome a esses dois anos de pandemia, talvez Os Anos Perdidos, talvez Os Anos em que o Mundo Parou. O certo é que vivemos, principalmente em 2020, uma espécie de remake do filme Feitiço do Tempo.

A grande maioria conhece esse filme, portanto não vou ficar aqui explicando a analogia. O certo é que o tempo parou. Um dia era quase exatamente igual ao outro dia. Incertezas, angústias, o peito apertado sem uma saída, sem luz no fim do túnel. Passa o dia chega à noite, amanhece e, de novo, outro dia igual.

O audiovisual foi um dos primeiros mercados a parar. Com o tempo veio uma certa adaptação, alguns trabalhos on-line, e no meu caso e da Ana Cål, um grande alívio começarmos o Blog Cinematórias, foi uma forma de mantermos a sanidade mental. Em 15 de julho de 2021 lançamos o Cinematórias Podcast, entra o Zeca Rodrigues, nosso irmão adotivo mais novo, pra se juntar a nós e tentarmos de alguma forma amenizar esses tempos difíceis. Não ganhamos um centavo com isso, mas e daí? Sabemos que para algumas pessoas que nos leem e ouvem pode significar alguns momentos fora desse sanatório que virou o mundo.

Pra mim esses dois anos foram um só, em 2020 não teve natal, ano novo, foram setecentos e trinta dias de muita batalha pra sobreviver, muita luta e desesperança.

Desafio você que está lendo esse texto a fechar os olhos e não lembrar de um amigo, colega de trabalho, conhecido ou parente que tenha perdido a vida para a Covid. Enquanto isso, pessoas que não consigo achar nenhum adjetivo ruim o suficiente, vociferavam e ainda fazem isso nas redes; ataques e fake news contra a “vacina comunista” e todas as outras, incentivadas por seres abomináveis desse desgoverno. Falo por mim e por mais ninguém. Eu me recuso a ser massa de manobra de quem quer que seja!

Bem antes da pandemia o mundo e o Brasil vivenciaram uma espécie de dobra no tempo onde as pessoas perderam a capacidade de pensar, dialogar e tolerar. Quem achava que a pandemia teria o dom de, como uma mágica, mudar as pessoas, humanizar, fazer da solidariedade um hábito, quebrou a cara. Negacionismo, ódio, violência verbal e real ainda são a tônica de uma sentença de prisão divina dada ao ser humano. O Purgatório é aqui e agora.

Duas crianças nasceram no meio do caos. A primeira veio em 2020, meu sobrinho neto Arthur. A segunda nasceu em 21 de outubro de 2021, meu neto Ícaro.  Eles me deram a esperança que acreditava não mais existir.

Se vivemos no Purgatório ainda temos a opção da remissão, de nos tornarmos melhores, de aceitar o outro do jeito que é, de poder emitir opiniões sem ser tachado por qualquer palavra ou ser agredido na terra de ninguém que são as redes sociais.

A todos vocês poderia desejar um feliz natal e próspero ano novo. Mas o que desejo com sinceridade é que abram a sua caixa de Pandora, e se você procurar bem vai achar a única coisa que está lá, talvez bem escondida.

Quando olho o Arthur e o Ícaro penso que eles merecem um Brasil melhor, e esse Brasil tá logo ali, em 2022, aí teremos a oportunidade de começar algum tipo de mudança. Que assim seja... 


Meu sobrinho neto Arthur

Meu neto Ícaro

Comentários

  1. Nossa Fe , eu choro , que emocionante ler esse texto , que marivilha ter Arthur e Ícaro❤❤

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    Respostas
    1. Fernando Nunes04/02/2022, 14:19

      Meus dois mais novos amores....

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  2. Lindo texto Fe, traduziu o sentimento de muitos. Parabéns!

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  3. Que seja um Brasil melhor pra esses pimpolhos q estão nascendo, e viva a vida Fernando 🥂🥂

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