Houve uma época em que o mercado publicitário rapidinho
rotulava os profissionais. Por exemplo: se um diretor fizesse um comercial
fantástico com criança, pronto, dali em diante só ia dirigir criança. Se um
diretor de fotografia fizesse um trabalho muito bom em um comercial de carro,
durante muito tempo só ia fazer comerciais de carro, mesmo que você odiasse
esse tipo de trabalho. Quantas vezes eu ouvi: “só me chamam pra fotografar tal coisa, não aguento mais, queria fazer
trabalhos diferentes”.
Comecei a receber ligações para fazer trabalhos em
diferentes produtoras com o diretor Pablo Nobel, não havíamos trabalhado
juntos, só o conhecia de nome. A minha agenda, por coincidência, tava sempre
ocupada na data dos trabalhos, nunca dava certo, até que um dia deu.
Depois da reunião de pré, quando estávamos sozinhos,
perguntei por que a insistência em trabalhar comigo, ele respondeu:
- Eu
sou muito amigo do Rodolfo
Vani (citado no Podcast Cinematórias no episódio 14 – Filme Simples e
Primeira e Única), de tempos em tempos
levo o meu repertório para ele avaliar. Nesse último ele gostou muito, mas me
disse que precisava melhorar a fotografia dos comerciais em vídeo e sugeriu
trabalhar com você, porque é o melhor diretor de fotografia de vídeo.
Ao invés de ficar feliz, fiquei muito chateado. Primeiro
porque nunca me considerei o “melhor
diretor de fotografia de vídeo”, segundo porque se o mercado me rotulava
assim eu nunca iria conseguir fazer direção de fotografia em película, que era
meu objetivo.
Fizemos o trabalho, tudo deu certo, mas isso ficou
martelando na minha cabeça durante muito tempo.
Não vou ser repetitivo e contar de novo como consegui
apagar esse rótulo, pra quem tem curiosidade, tem o texto no Blog Cinematórias ”Geração
Bit” e no Cinematórias Podcast “Geração Bit e Hippie” que conto como isso
aconteceu.
Aqui gostaria de falar de uma tese antiga e que tem haver
com rótulo: se você é muito, mas muito
bom no que faz, será muito difícil mudar.
Ao longo desses anos conheci várias pessoas que tentaram
seguir o que seria um caminho natural, mas não conseguiram.
Vi vários assistentes de câmera maravilhosos tentarem se
lançar como diretor de fotografia. Vi vários assistentes de direção fantásticos
tentarem ser diretor. Não deu!
O mercado te rotula tanto que não tem como, a grande
maioria não consegue.
Lógico que há exceções, mas são poucas.
O contrário já vi acontecer bastante. Assistentes de câmera e de direção que eram bons, nada extraordinário, conseguirem passar para esse novo estágio, inclusive eu.
Clique aqui para ouvir o Podcast Cinematórias 14 - Filme Simples e Primeira e Única
Clique aqui para ouvir o Podcast Cinematórias 17 - Geração Bit e Hippie
Rotular? Como assim? Absurdo isso, vc pode ser bom no q faz numa coisa , mas pode ser melhor mas muito melhor em outra, não sabia q neste meio era assim.
ResponderExcluirVivendo e aprendendo, aliás aprendemos coisas até morrer, ninguém, mas ninguém sabe de tudo 😉
Sim Katia, rótulos existem nesse meio e muitos, ainda vou falar mais sobre isso.
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