Luanda-
Angola
Teste de VT
para Série Jinga.
Fizemos um
teste gigante porque eram muitos personagens, os atores chegavam super nervosos
e eu não entendia o motivo. Até que um falou que era uma honra fazer teste para
participar de um projeto onde brasileiros estariam trabalhando.
Nossas
novelas, que são muito bem feitas, fazem sucesso naquela terra, então fazer
parte de um projeto de qualidade era tudo pra eles. Uma oportunidade única. E selecionamos
um excelente elenco.
Tínhamos
“panos” para eles enrolarem no corpo e na cabeça.
Vocês não
acreditam em quantos lindos figurinos se apresentaram somente com as amarrações
diferentes.
Tinha um
trecho do roteiro em que o cara falava sei lá o quê pra Jinga e ela respondia:
-Estou a te querer, bla bla bla, estou a
te querer.
Imagina se eu
não pedi pra Samara Haddad, minha assistente, fazer a tréplica com os atores
exatamente nessa parte. E eram vários
atores para esse papel então ela fez várias vezes. Eu me escondia atrás do
monitor e chorava de rir porque ela ainda fazia o sotaque angolano. No começo
ela queria me matar porque sabia que eu tava adorando a parada, depois do 3º
ela, palhaça que é, entrou na vibe e valorizava as falas. Morri naquele dia.
Malanje –
Angola- Aldeia Kilwanji
Estávamos
procurando locações para as várias aldeias que a rainha Jinga, protagonista da
série, morou durante a história, então geograficamente tinham que ser próximas
pra agilizar a produção, porque teríamos que cenografar as aldeias e construir algumas inteiras conforme as características descritas no roteiro, afinal era uma série de época.
Paramos na Aldeia
Kilwanji onde ficam as Rápidas do Kwanza, um pepino para a produção, estudar
onde a equipe dormiria porque a logística desse trabalho era surreal, a direção
de arte calculando quantas casas tinham que ser construídas. Aí o guia disse que era muito comum
hipopótamos naquela região inclusive tinha uma família mais acima da corredeira
E eu lembrando dos hipopótamos fofos do zoológico disse:
- Que
fofos!
E quase querendo ir a procura dessa “turma”
quando o guia me olhou como se eu fosse uma besta humana e disse:
- Os
hipopótamos são um dos animais mais agressivos da Terra. Eles podem vir à noite e atacar a
aldeia toda, não deixando nada pelo caminho, matando tudo.
Imagine a
cara da equipe e a minha.
Já começamos
a planejar barracas suspensas nas árvores e eu só pensava na frase do cara.
Repetia e repetia na minha cabeça e via os ex fofos e agora bestaferas babando
invadindo o nosso set.
Senhor!
Conheci
Simone Bastos em 1989 na Barriga Verde. Eu era assistente de direção e ela
trabalhava na house da Arno. Ela era cliente, finalizava seus vídeos lá.
Depois fomos
nos cruzando pelas produtoras já como diretoras e sempre tinha um tempinho pra
bater um papo. Tem uma história que aconteceu com ela que poderia ter sido uma
tragédia, mas do jeito que ela conta é hilário. Ri na primeira vez que ela
contou e ri novamente agora quando pedi pra ela contar no blog.
Aqui vai! Vou transcrever seu áudio.
“Estava
fazendo um institucional pra Cimentos Serrana no Paraná.
Chegamos em
Morretes, tava um dia bonito com sol e todo lugar que era alto eu queria subir
pra gravar uma tomada geral da fábrica, o Raul diretor de fotografia já tava
querendo me matar. Aí tinha um silo eu falei:
-Vamos
subir – ele
respondeu:
-Cê tá
brincando!
- Não tem
como gravar aérea aqui, eu vou ter que gravar lá de cima.
O operador de
VT, na época era Umatic, disse que não ia porque tinha medo. Eu falei pra me
dar o VT que eu levava. Coloquei nas costas e fui subindo e era aquela escada
que fica por fora do silo. Aí fui eu, o Raul e o gerente da fábrica.
Quando a
gente tava na metade do silo, mais ou menos uns 90 metros, começou a ventar e
ele falou:
- Meu Deus
tá ventando! E aqui quando venta dá tipo um redemoinho, é muito forte, mas acho
que não vai acontecer, hoje tá muito quente Vamu lá!
Aí subimos e
aquele ventinho continuou. Chegamos no topo e começamos a gravar, faz pan
daqui, pan de lá.
O gerente
disse:
- Ó! Tá
fechando o tempo é melhor descer.
Aí fomos
descendo e começou a piorar o vento e a gente ainda estava na metade do Silo,
eu era a primeira e ele disse: - Simone não vai dar tempo pra gente chegar até o
fim, nós vamos ter que entrar no silo. Faz o seguinte tem uma portinhola bem aí
perto do teu pé, empurra a portinhola e entra. Dentro tem uma plataforma fina,
vamos ficar ali até passar esse vento.
Tá bom né,
empurrei a portinhola com o pé e entrei, cai. Fui eu o VT tudo pra dentro do
silo. Aí eles ficaram todos desesperados e começaram a gritar pros caras
abrirem em baixo a portinhola pro cimento cair, só que cimento é grosso e
demora pra cair. A minha sorte foi que quando caí fiquei com os braços
levantados. Pegaram um guindaste e me puxaram pelos braços pra me tirar do
cimento. Bom, eu tinha cimento no olho, em todos os buracos do corpo possível e
imaginável. Me limparam com ar comprimido, fiquei com os braços arranhados do
guindaste.
Depois dessa,
acabou a gravação e fomos para o hotel. Só tinha eu de mulher, pedi pro
produtor comprar qualquer condicionador que tivesse pra passar no meu cabelo,
porque o cara falou que assim que eu molhasse o cabelo ia endurecer e parecer
um capacete na cabeça. Dito e feito!!!! Na hora que entrei embaixo do chuveiro
ficou duro como um capacete mesmo. Aí comecei a chorar liguei pro produtor, e
pedi pra ele vir rápido com o condicionador. Ele comprou 4 tubos de Neutrox. Aí
ele disse:
-Ó Simone
só estamos nós aqui eu vou te ajudar, porque a coisa tá feia. Aí concordei, pus uma roupa, sentei
numa banqueta, ele entrou no chuveiro e tacou Neutrox no meu cabelo pra
amolecer aquilo. Eu chorando pensando que tinha acabado com o meu cabelo, era
enorme. Consegui limpar tudo. Eu chorei, chorei, chorei muito e não queria
mostrar pra equipe que me acabei de chorar, aí passei uma maquiagem e desci pra
jantar com eles toda lânguida, tipo superei, não aconteceu nada, tô super bem.
Quando eu
chego lá a equipe toda tava chorando pensando na queda que tive.
Ah e antes do
silo gravamos na parte que chama glinter, que é incandescente, o cimento fica
quente, fica umas bolotas então a empilhadeira pega e leva pro silo e DE NOVO
eu quis gravar de cima. O lugar mais alto era em cima do bondinho da cabine que
controla o gancho, aí nós fomos mesmo eles falando que não tinha segurança.
Eu disse:
- Você
amarra a gente aqui nessa coluna aí eu seguro o Raul.
O Raul descia
e subia e eu o segurava pela cintura, pela calça e eu tava amarrada. Só que o
cara do bondinho perdeu o ponto e foi mais pra frente e tinha um ferro e o Raul
se abaixou, mas eu tava amarrada não tinha como me abaixar, aí fui deitando o
corpo, deitando o corpo e eles gritando:
- PARAAAA!
PAAAARAAAAA!
Quando parou,
eu tava com a cabeça praticamente entalada embaixo daquele ferro.
Bom eu saí da
fábrica aquele dia cheia de cimento, com os braços arranhados e com uma faixa
de queimadura da testa até o queixo.
Por isso eles
estavam chorando no jantar. O Raul falava você podia ter morrido, a gente podia
ter morrido, todo mundo chorando e eu falei:
- Mas gente! – dando uma de forte – Não aconteceu nada! Tá tudo bem, tá tudo ótimo!
E ela conta
rindo!!!!!!! Devia estar enfaixada como uma múmia, braços, cabeça e tá tudo bem
ahhaahahah. Essa Simone é única!
Tem mais causo dela aqui guardadinho pra contar.
E temos novidade!!!! O Podcast do Cinematórias já está pronto pra ser lançado essa semana.
Link para vídeo Rápidas do Kwanza: Making of de visita a locação - Fábio Marconi
mto bom! congrats...trab. no cine-vídeo há 30 anos,dava um livro...abs!
ResponderExcluirObrigada!!!!! abs
ExcluirObrigada por apresentar Julia Francisco e Osvaldo Moreira !!!
ResponderExcluirHistória deliciosas, prá variar!
E a Simone teria que assinar Bastos do Renascimento! Que anjo da guarda poderoso ela tem!!!
Bjs
ahahahahahahah adorei o comentário Marcia!
ExcluirMEU DEUS...., que loucura, loucura, loucura, pergunte a ela se hoje um pouco mais velha era faria de novo, aposto que não, kkkkk....
ResponderExcluirMuito boa essas histórias, estou me deliciando, e a narração é impecável Ana...😉💋
sei não a Simone é doidinha hahahaahah
Excluir🤣🤣🤣
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